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I’ll be gone in the dark (livro e seriado)

O Golden State Killer foi um dos mais ativos estupradores e assassinos em série dos Estados Unidos. Ele era tão eficiente no que fazia que levou QUARENTA ANOS para ter sua identidade descoberta.

Uma das pessoas mais empenhadas em capturá-lo foi a escritora Michelle McNamara, que gastou os últimos anos de vida tentando desvendar o mistério. Ela morreu inesperadamente, muito jovem, antes de conseguir isso.

Em 2020, a HBO estreou um seriado documental em homenagem à escritora. Michelle era descrita como inteligente, divertida e com um talento único para a investigação. Eu desafio você a não se apaixonar por ela, como eu me apaixonei! Além de conhecer o intrigante crime que, de certa forma, acabou com a vida dela…

Fiz uma série, no meu IGTV, contando sobre a trajetória da Michelle e o caso. São cinco episódios ao todo. Para os amantes do true crime, como eu – e a Michelle! 😉

Veja a playlist com os cinco episódios da minha série de vídeos!
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Resenha de O Quinto Mandamento, sobre o caso Richthofen

“Honra teu pai e tua mãe”. O descumprimento do quinto mandamento da Bíblia culminou num dos mais ferinos e afamados crimes brasileiros: o assassinato do casal Manfred e Marísia von Richthofen, pela filha deles. ⠀⠀⠀⠀
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Em “O Quinto Mandamento – Casos de Polícia” (o primeiro de dois exemplares), a criminóloga Ilana Casoy, sobrinha de Boris Casoy, nos invita a passear pelos bastidores do homicídio. O estilo narrativo da autora tem aquele charme comparável aos grandes romances policiais, o que nos causa a sensação de estarmos diante de uma história de ficção. Apesar de não ser jornalista formada – ela é administradora -, Ilana cita o lendário Truman Capote nas primeiras páginas do diário. É preciso ter estômago forte para digerir algumas passagens, como a descrição precisa dos golpes desferidos contra o casal e a morte lenta e agônica de Marísia. Ilana coloca o leitor dentro da cena do crime. Como boa escritora que é, ela jamais entrega qualquer informação antes da hora, para que nossa experiência, ao devorar a obra, seja próxima ao ofício de um investigador; o de encaixar peças soltas.

O trabalho investigativo é minucioso e apaixonante! Assim como faz Ilana na escrevedura do livro, os investigadores estão sempre à procura das palavras corretas, a fim de manobrar a resistência dos investigados. Num dos capítulos mais impressionantes, que aborda o depoimento de Andreas von Richthofen, irmão caçula de Suzane, é como se o estrondo ecoasse em nossa própria cabeça quando Ilana descreve o murro que um delegado dá sobre a mesa. Ele achava que o adolescente não ajudava como podia. Despertamo-nos com o barulho incômodo tal como o personagem, que se via obrigador a falar. “Teu mundo caiu, Andreas”, não poupou o policial. Agora, nos transportamos para o lugar ingrato do menino. Em outros trechos, duvidamos da inocência dele…

A leitura só se torna menos imaginativa quando transcendemos os limites da obra escrita. O caso Richthofen foi amplamente documentado. É possível ler fragmentos da narrativa e, imediatamente, encontrar vídeos referentes na Internet. Um exemplo é o momento da reconstituição do assassinato. O desespero dos irmãos Cravinhos – livres da adrenalina que os acometia no dia do crime, eles, então, puderam refletir sobre seus atos pela primeira vez – contrastava com a falta de emoção de Suzane. Andreas acompanhava tudo pela TV no quarto ao lado.

Quase vinte anos depois, venci a última folha do livro, tão indigesto, e retomei meus sentidos com esforço. De supetão e com alguma surpresa, recordei que essa nunca foi uma história de ficção. As palavras escolhidas com zelo por Ilana confidenciavam a mais desonrosa verdade.